Hesperian Health Guides
Os problemas ambientais das culturas GM
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Quando as grandes empresas produzem e vendem apenas alguns tipos de sementes, e depois convencem os camponeses em todo o mundo a usarem apenas estas sementes, muitos diferentes tipos de plantas se perdem e a segurança alimentar é prejudicada. Mas o efeito mais prejudicial das culturas GM no ambiente é a perda de biodiversidade essencial para um ambiente saudável.
Perda de controlos naturais das pragas. Algumas culturas GM são feitas com pesticidas dentro delas. Quando os pesticidas são usados sem um controlo cuidadoso, as pragas que eles devem matar podem tornar-se resistentes a eles.
Dano à vida selvagem e ao solo. Os pesticidas nas culturas GM matam insectos e bactérias úteis que vivem no solo. Eles também podem prejudicar pássaros, morcegos e outros animais que ajudam a polinizar as plantas e a controlar as pragas.
Efeitos nas plantas vizinhas. O pólen das culturas GM vai com o vento e espalhase para as outras plantas que são semelhantes a elas. Mas como as plantas GM são novas, ninguém sabe com certeza que efeitos, a longo prazo, isto poderá ter.
Os camponeses sofrem quando as culturas GM prejudicam o ambiente. |
Mais vale sentir-se seguro do que arrependido
Um provérbio africano diz: “Se tens que testar a profundidade de um rio, põe uma perna na água primeiro. Assim, não te arriscas a morrer afogado.” Esta é outra forma de dizer que é aconselhável agir com precaução e seguir o princípio da precaução. Quando estamos a pensar em usar novas invenções e substâncias, é melhor saber se elas são seguras, em vez de arriscar-se a ser prejudicado desnecessariamente.
Mas as empresas e os governos estão a testar os alimentos GM em nós todos os dias, fazendo-nos plantá-los e comê-los sem sabermos que males eles podem causar. Eles estão a forçar-nos a “testar a profundidade do rio” com 2 pernas, em vez de uma!
Como é que você sabe se as sementes e os alimentos são geneticamente modificados?
A maior parte das sementes geneticamente modificadas não parecem, sentem, cheiram ou têm um sabor diferente das sementes normais, por isso, elas podem ser semeadas pelos camponeses que não sabem o que é que elas são. Monsanto, a empresa que faz a maior parte dos produtos GM, recusou-se a etiquetá-los como alimentos GM, para que as pessoas que os comem não saibam se eles são alimentos GM. A única maneira de saber se as sementes e os alimentos são GM é testando a sua estrutura genética. Existem testes disponíveis, mas caros, nos Estados Unidos e na Europa.
As sementes da resistência
Em Chiapas, no México, os camponeses estão preocupados com o facto de o pólen das culturas GM poder ter afectado as suas culturas de milho. Com a ajuda de entidades internacionais, eles descobriram uma maneira de testar as suas culturas para saber se elas foram afectadas de alguma maneira. O projecto chama-se “Sementes de Resistência”.
As sementes são testadas com kits de testagem comprados a empresas na Europa ou nos Estados Unidos. Ao descobrir se as suas culturas foram contaminadas com milho GM, eles podem informar as suas comunidades e o governo sobre o problema e trabalhar para prevenir futuras propagações. Como são eles próprios quem testam as sementes, os camponeses ganham controlo sobre o processo — o tipo de controlo que se perde ao não saber o que é que está nas culturas que estão a produzir.
Ao voltar a assumir o controlo das suas culturas, os camponeses de Chiapas estão a proteger a sua segurança alimentar, ao mesmo tempo que praticam a soberania alimentar a longo prazo.